Iris

é um amor adivinhado


Iris

I

hoje vejo o amor em nada
desde a estante amarelada
até tua cala falada
que a pouco me fez sorrir

no teu caos tipo Dalí
nos livros que nunca li
nas tuas pernas qu’insisti
devaneando-me abrir

nas tuas filhas animadas
já no afeto carimbadas
eu não pude resistir

quero a morte nesse gosto
desse amor em nada o posto
pro que quiseres parir

25 de Maio de 2020

II

é um amor adivinhado
que me brisa o teu sorriso
vem no ar imaginado
te respiro e cicatrizo

teu suspiro no meu riso
na calada vem soprado
no sereno do falado
transmutável do teu piso

despida já te repriso
no meio um vapor humano
e dois jovens sem juízo

responsável e preciso
este preto ariano
quer teu cheiro indiviso

sentir

27 de Maio de 2020

III

há uma preta novidade
desfilando entre nós
nos pulmões ali a voz
choro e sensibilidade

vai nascendo nossa prole
com atitude e cantarole
meu delírio de viver
nesse tempo com você

desfrutar à flor da idade
todo o amor que em nada vejo
esse apego do teu beijo

quando o tempo permitir
e a vontade persistir
nosso sopro de desejo

nosso sopro de desejo

29 de Maio de 2020

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Rafael Picanço, 25 de Maio de 2020.