Todo errado

a aflição de não estar do jeito que se quer


Todo errado

Era tarde de domingo,
eu olhava o teu traseiro,
quando tudo aconteceu.
Eram gazes flatulentos
borbulhando no intestino
deste preto desalmado,
o assanhado que voz tecla.
Rebolando caminhavas,
indo rumo ao infinito
fazer coisas no banheiro
coisas puras de obreiro,
digo,
coisas puras de menina.
Fui distante te esperar
quase mesmo d’outro lado
da vida… digo… da esquina.
E esperava, oh querida,
com ‘aflição de quem queria
estar cheiroso como novo
e seguro feito morte
digo, digo… feito cofre,
mas por força d’universo
só um sorriso amarelado
e um jeito to-todo errado
havia.
Eita peido desgraçado.
E eu sorria, e eu sorria…

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Rafael Picanço, 13 de Junho de 2015.