Movimento perpértuo

rimas soltas, paradoxo


Movimento perpértuo

Era um fogo dos infernos,
trevas.
Não haviam palavras,
só uns sons meio assim
pléc, pléc,
pléc, pléc,
no ritmo da canseira.
E bem ali acolá
soltavam, puxavam,
uns grunidos,
argh, ugh,
uns gemidos,
hum… ainn…
Eita cama foguenta,
obra do próprio capeta.
Haja o molhado pingar,
e nada da chama baixar,
fogarel desgraçado,
lajota a desbastar.
Era um grude poderoso
tipo um fedor cheiroso
plainando confuso no ar.

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Rafael Picanço, 16 de Junho de 2014.