A vida no campo
Oh, flor ensopada.
Tu que ora corrompes a pureza desses lençóis,
tiras de mim a espada
e o suicídio por esfaqueamento a esmo.
Oh, flor pulsante.
Já não me cabe mesmo
balangar saliente o Ernesto na solidão,
mas tão somente
no esfregaço
do teu estigma
tão bonito.
E é fato que, hoje em dia,
o careca só esfola as mangas
ou para tirar a gravata de sebo do pescoço
ou para evitar o jato duplo sobre a porcelana.
E é fato bem sabido que ele,
o careca,
já não sacia mais a fome de arroz
dos bichinhos de pelúcia,
nada saudosos.
Oh flor insubmissa.
É tu que comandas por cima desse solo
oscilando como o vento!
Rebolando sobre os meus rins,
é o teu rubor que dita
quando colher o arroz
nessa loucura
que está
o clima.
Oh flor insaciável, divina!
Multiplicai o arroz!
Os pães!
Os peixes tremendo!
O vinho, lógico!
Livrai da canseira!
Da câimbra!
Da dor de viado!
Dos bisbilhoteiros!
Oh flor!
Oh flor!
Oh flor!
Ohhhh flor!
Prolongaaai
o teeeempo
dessa viiiida
que é tãããão
breeee-ve.