No rumo

tesão


No rumo

No cacto o espinho
transforma em carinho
o sol do meu dia.
“Não toque meu rosto,
não largo o meu posto”
Assim me dizia.
S’eu visse o teu ser
sentindo prazer
o som haveria.
Demais, como amar
correndo ao voltar
demais, como ida
sem rum’ao horizonte,
tibum, corresponde,
mergulha na vida.
De tudo o que há
pará, papará
tibum, eu seria.
Mantinha um silêncio
soluto ao falar
sem tom, sem saída.
Mantinha-o num lenço.
Oh, pobre silêncio!
Falar impedia.
Distante e defronte,
dos corpos à fonte,
os olhos nos olhos,
falar me impedia!
Assim, sufocado,
de pau duro armado
a noite eu perdia.

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Rafael Picanço, 14 de Fevereiro de 2013.