Quero ver de onde vem, onde fica, como fica, aonde vai e o que é

paradoxo, fantástico


Quero ver de onde vem, onde fica, como fica, aonde vai e o que é

Bastaria cutucar ou beliscar,
ter um tapa engatilhado.
Poderia dar sinal ou buzinar…
Ter pisca-pisca só de um lado.

Ter um site, um blog ou canal.
Deveria ter Facebook.
Ser cocoricó de animal
ou postar no Instagram.

Mas não vibra e nem apita.
Não acende, não desperta.
Não manda SMS ou bip.
Nem e-mail na hora certa.

E nada de postal pronto.
Quanto mais uma breve carta.
Um número de série, uma senha.
Nem simples etiqueta ou marca.

Não tem selo, número, esquema,
código de barra, carimbo ou emblema.
Não tem listra, não tem dígito,
curto registro, não tem lema.

Quem sabe ser ardor ou vento.
Ser lampejo, zum, zum, zum.
Ficar pela parede como quadro.
Ou pelo espaço como pum.

Mas não tem verbo.
Nem acesso.
Nem sentido.
Não tem sexo.
Não dá pista,
Não faz mímica.
Não tem nexo.

E está no mundo sem indício.
E abrange tudo sem vestígio.
Mas por acaso da paisagem
aconteceu de só ter miragem.

No deserto.

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Rafael Picanço, 1 de Maio de 2012.