Suicida
Um homem imponente beirava ali distante.
De um lado para outro evitando o evidente.
Escrevia, descrevia, insistia, relutante
sobre um mundo populoso, poluído pela gente.
Sobre um ponto no horizonte divagou inconsequente,
um tropeço descuidado, e diante o inevitável foi avante.
Não restou tolice alguma naquela pobre mente.
Quando a queda lhe tirou do bolso um poema tratante:
“Meu bem querer,
não foi isso que quis dizer!
Veio com receio,
sem motivo de valer.
Perdoa-me a pureza,
a falta de destreza.
Olha só tudo o que fiz
apenas por você.”
Mas já era tarde,
não havia mais vida naquele corpo pulsante.