Suicida

fantástico


Suicida

Um homem imponente beirava ali distante.
De um lado para outro evitando o evidente.
Escrevia, descrevia, insistia, relutante
sobre um mundo populoso, poluído pela gente.

Sobre um ponto no horizonte divagou inconsequente,
um tropeço descuidado, e diante o inevitável foi avante.
Não restou tolice alguma naquela pobre mente.
Quando a queda lhe tirou do bolso um poema tratante:

“Meu bem querer,
não foi isso que quis dizer!
Veio com receio,
sem motivo de valer.

Perdoa-me a pureza,
a falta de destreza.
Olha só tudo o que fiz
apenas por você.”

Mas já era tarde,
não havia mais vida naquele corpo pulsante.

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Rafael Picanço, 4 de Abril de 2012.