Estrela
Foi a primeira vez,
nesses anos todos,
que tu entrastes na sala,
com passadas furtivas,
veio veio veio e sentastes…
do meu la-di-nho.
Auto-controle, pensei.
Eu tentei, tentei… mas não resisti.
Singelo, demonstrei curiosidade
pela caligrafia no teu caderno borrado.
Por acidente,
você se riscou depois que brinquei…
e eu te mostrei,
te tocando naquele lugar riscado.
Nada mais do que carinho por você.
E lembrei do afago
das caronas que você me dava,
só para estar com você,
para lugares que eu não sabia
nem como voltar.
Do mimo de elogios
intimidadores
que eu insistia em te dar.
Da meiguice de tuas conversas
pelos corredores
que eu esperava pegar.
Do cuidado todo ao te escrever e esconder,
reunindo coragem para mostrar.
E quando não tinha coragem,
do choro encolhido no banheiro
esperar passar.
Da tenra paranóia que é viver
à distância sem estar,
sem estar com você.