Por que não quero ter filhos?

sobre a minha decisão de não querer conceber mais uma vida


Eu já quis ter filhos

Na infância eu apenas era mais um filho no mundo. É que durante a infância eu simplesmente não recordo de pensar sobre esse assunto de ter ou não ter filhos. Já na adolescência, ao contrário, recordo de alimentar ativamente tais sentimentos paternos e de sustentar uma grande vontade de ter filhos. Especialmente quando passei a viver uma religião, algo que me envergonho profundamente diga-se de passagem. É digno de nota que, no meu caso específico, eu identifique grande parte desses sentimentos paternos como derivados da moralidade religiosa que eu procurava exercer naquela época, sem refletir sobre as consequências de uma decisão tão importante. Mesmo depois de ter deixado completamente a religião, esses sentimentos se mantiveram.

Mas por sorte eu mudei :smile:.

Porém hoje eu não quero mais

Sim, por pura sorte. Eu começei a pensar seriamente e friamente no assunto ao assitir uma série de três curtos vídeos chamada Filhos no canal Clarion de Laffalot. Nessa série, o assim chamado Clarion elenca os motivos que orientaram sua tomada de decisão. Talvez eu nunca tivesse parado para pensar sobre os prós e contras de tal decisão sem essa série e faço questão de deixar aqui meus agradecimentos ao autor. Muito obrigado Clarion, ou seja lá quem você for. Pois bem, o que farei a seguir é apenas elencar os meus próprios motivos e concluir brevemente minha decisão.

Prós e Contras

  1. Custo Financeiro
    • Contra: Vestir um filho, educá-lo, alimentá-lo, possui um custo financeiro elevado para os meus padrões de vida hoje.

    • Pró: Não ter filhos possui um custo consideravelmente menor hoje.

  2. Custo Laboral
    • Contra: A convivência saudável e prazerosa com um filho exigiria de mim atenção, afeto, dedicação, diligência, enfim, um engajamento que não seria possível no meu atual padrão de vida.

    • Pró: Não ter filhos não exige o engajamento em tais tarefas.

  3. A Eminência do Desgosto
    • Contra: Após me engajar em uma vida diligente e dedicada a uma criança, sangue do meu sangue, eu detestaria vê-la se tornar alguém completamente avessa aos meus padrões morais e éticos. Por exemplo, se ao invés de criar uma pessoa sem tantos preconceitos e que contribua ativamente para resolver problemas na sociedade, eu criasse um Paulo Maluf, ou pior, um Feliciano da vida.

    • Pró: Não ter filhos não tratá desgosto dessa ordem.

  4. O mundo não precisa de mais uma criança
    • Contra: Mais uma pessoa, e seus descendentes talvez, num mundo extremamente populoso.

    • Pró: Menos uma pessoa, e seus descendentes também, num mundo extremamente populoso.

  5. Há a possibilidade de adotar uma criança, futuramente
    • Contra: Eu não transmitirei minha informação genética adiante.

    • Pró: Eu estaria, com sorte, ajudando uma pessoa que realmente precisa.

A decisão

Embora eu não tenha dado tantos detalhes sobre o meu atual padrão de vida, você pode confiar em mim, eu pensei sobre ele. Aliás, estou em uma posição melhor do que muitos outros para isso. Assim, embora não os tenha apresentado, simplesmente por não me sentir confortável para tanto, eu pesei os prós e contras e tomei a decisão de não ter filhos. Não se preocupe, essa decisão foi minha, e não sua, e caso você esteja pensando, eu não estou sugerindo que você tome a mesma decisão que eu. Somente você pode pesar os prós e contras considerando sua própria vida.

Eu estaria sendo irresponsável e inconsequente se não fizesse dessa maneira. Fica a dica.

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Rafael Picanço, 8 de Junho de 2015.