Avoado

sorrir à toa


Avoado

Sorrindo à toa
Foi assim que fiquei
Pois a caneta no meu bolso eu achei
Abrindo a geladeira pra pensar
Andava rumo ao rumo pra depois virar… e voltar

Eu pensava na inimizade
Com a primeira pessoa do singula
Achava que a cidade simplesmente não era
para um homem de saltos desfilar

Faltava só refletir…
Só refletir…
Aí então eu iria andar, noutro lugar…
Faltava só refletir…
Só refletir
Com pés descalço caminhar, noutro lugar…

Mas eu não queria ficar
Comprei uma havaiana de pau
O suficiente para chegar
… noutro lugar.

Distante de um mundo real,
inventado, criado, astral, medroso
num ponto eu cheguei
Não era mais pessoa
Não tinha ninguém
Não via mais via e o que havia era uma luz no final
Foi quando eu acordei

Sorrindo a toa
Foi assim que fiquei
Pois o busão errado outra vez peguei
Esquecendo o passe-fácil na carteira de roubar
Pagava a inteira mesmo pra depois descer e voltar…

E eu pensava na intimidade
Com a primeira pessoa do singula
Corando eu cantava na fila de espera
Pra menina formosa me notar…
Sorrindo à toa
Foi assim que fiquei.

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Rafael Picanço, 6 de Agosto de 2007.