No campinho

infância


No campinho

Já era tarde quando tropecei.
Machuquei os joelhos.
E como homenzinho, não chorei.

Eu gostava das argolas.
Do escorregador
e do balanço também.

O melhor era correr.
Só não gostava de cair
sobre obstáculos.

Mas caíra, tarde.
Quando o sol já não batia.
E papai chamava.

Rafael.

Chamou.
Sisudo, não bateu.
Cauteloso, repreendeu.

Disse apenas:
“Cuidado quando correr.
Não busque perigo.”

Limpou-me a roupa.
Então, dali para casa,
passamos pelo beco.

E, cedo ou tarde,
tudo se repetiria.
Enquanto houvesse sangue…

…em mim.

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Rafael Picanço, 1 de Janeiro de 2007.